
O ano era 2009 e após uma demissão decidi realizar o grande sonho de ir morar no exterior por um tempo e estudar inglês. Era o momento perfeito: recebi uma grana da demissão, o país estava bagunçado, não consegui me reposicionar e a pós graduação estava no fim. Senti que nada me prendia e que teria a liberdade que tanto queria para a viagem.
O destino escolhido foi Sydney, na Austrália. Criei uma nova rotina, conheci muitas pessoas diferentes, experimentei novos sabores, aprendi uma nova língua, senti outros ares, mas levei algumas coisas junto comigo, não só as malas de roupas e pertences como também alguns pesos a mais que carregava no Brasil.
Mudar de país e de continente não mudou a minha história nem as minhas questões pendentes. O que mudou foi o meu olhar diante das situações e como passei a vê-las por uma nova perspectiva. Eu estava de fora, então pude ter uma visão mais realista do que estava ao meu redor e como poderia lidar melhor com tudo.
Viajar, ainda mais sozinha, é sempre uma oportunidade para se conhecer melhor. Observar o que gostamos e não gostamos, o que nos faz bem, o que é importante, o que é passageiro e, principalmente, o que deve permanecer e o que deve ser deixado.
Aos poucos, durante esses quase 5 meses de viagem, a minha bagagem ficou mais leve. Aprendi a ter um olhar mais amoroso sobre as minhas vivências, deixando registrado o que foi bom e importante para me tornar a pessoa que sou hoje. E, também, aprendi o que poderia ter sido diferente, para que o caminho pudesse ser mais leve e verdadeiro a partir daquele ponto.
Essa experiência me permitiu um reencontro comigo mesma, com a minha essência. Fez com que eu curtisse a viagem com leveza e alegria no coração.
Pouco a pouco, aquela bagagem ficou mais suave e foi incorporada com muita gratidão dentro de mim, porque, afinal de contas, somos o somatório de todas as nossas experiências e conexões, de todas as nossas emoções e memórias mais significativas. Nada é esquecido, mas tudo pode ser ressignificado com um novo olhar, sempre!
A partir dessa, surgiram tantas outras viagens, cada vez mais leves e enriquecedoras. Não só mundo afora, mas principalmente mundo adentro.
A bagagem às vezes fica mais pesada, às vezes fica mais leve. Vou ajustando ao longo do caminho, porque a cada trecho algo muda e se transforma. Mas o que permanece é o essencial, as conexões e o simples da vida.
De tempos em tempos sinto que é preciso viajar. Então, pego a minha mochila e vejo o que tem lá dentro. O que é preciso reciclar, o que não quero mais carregar e o que deve permanecer. E assim, sigo nessa grande viagem que é a vida.
Se você me acompanhou até aqui, muito obrigada! :)
Faça sua pausa.
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