
Eu nasci na grande cidade de São Paulo. Sou paulistana e quem me conhece sabe que meu sotaque não nega a minha origem. Cresci em meio ao caos desse lugar que nunca para, que tem de tudo a toda hora e que possibilita inúmeras vivências. Apesar de ter dentro de mim essa agitação e de certa forma gostar dela, sempre valorizei os momentos que pude estar em meio à natureza.
Quando eu era criança meus pais levavam a gente para passar as férias na praia e algumas vezes íamos para a fazenda do meu tio. Tenho boas lembranças dessa fazenda. Talvez eu nem tenha ido muitas vezes para lá, mas guardo as boas sensações de colher acerola no pé e tomar seu suco fresco, dar cenoura para os coelhos, milho para as galinhas, pescar no lago com o meu avô, andar de charrete e até o cheiro do café feito na hora. Só de lembrar de tudo isso me desperta um gostoso sentimento de aconchego e paz.
Algumas dessas vivências também pude experimentar em São Paulo. Na pré escola tinha um pé de pitanga onde a professora nos ensinou a escolher a fruta mais madura e descobrir se estava com bicho antes de comer. Já no colégio onde estudei, curti muito as áreas verdes como o bosque, a gruta e a horta. Lá também tinha alguns coelhos onde ia com minha amiga Renata no recreio brincar com eles. Pegávamos hortelã fresco do pé e colhíamos amora para comer de lanche. Perdíamos a hora curtindo tudo isso.
Depois, na casa da praia no litoral norte de São Paulo, me conectei mais com o mar. A paixão veio do meu pai que é capitão e sempre teve um barco para chamar de seu. Curtíamos a travessia do canal em seu pequeno barco laser. Parávamos no meio do mar para contemplar o silêncio, se encantar pelo tom azul da água, dar um mergulho e observar os pequenos peixes que às vezes surgiam.
Estar no mar ou perto dele traz para mim uma enorme sensação de paz. Desperta um estado de presença, de valorizar aquele momento e tudo que consigo extrair dele. Ele é força e leveza, movimento e fluidez.
"A natureza, em seu sentido mais amplo, é equivalente ao "mundo natural" (...) e não inclui os objetos construídos por humanos."
Essa conexão se intensificou ainda mais recentemente, quando fiz minha primeira aula de surf. Sempre tive o sonho de aprender a surfar, cheguei a planejar algumas vezes para fazer aula, mas só agora que consegui realizar esse desejo.
Aprender a ver o movimento do mar, sentir a onda me envolver, me equilibrar na prancha e surfar a onda é pura conexão! É estar presente e atenta. É saber esperar. É desfrutar daquele instante como único, porque por mais que venha outra onda, ela nunca será igual a anterior.
Estar em meio à natureza aflora a energia do movimento, da harmonia e da fluidez. Somos parte integrante dessa grande força e só quando estamos bem perto dela que nos recarregamos e sentimos todo esse poder. Natureza é a essência, é o que nos constitui, o que compõem a substância do ser. A natureza está em todo o lugar, é preciso aguçar o olhar para encontrá-la, ou talvez seja preciso fechar os olhos para senti-la.
Se você me acompanhou até aqui, obrigada. :)
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